Compliance e o tema ESG (Ambiental, Social e Governança): Em busca do capitalismo consciente

28 de setembro de 2021

Compliance e o tema ESG (Ambiental, Social e Governança): Em busca do capitalismo consciente

Escrito por e Alice Heineberg

O Compliance não está limitado somente à governança das organizações. A adoção de práticas do Environmental, Social and Governance (ESG), em português Ambiental, Social e Governança (ASG), tem ganhado grande visibilidade, rompendo com as balizas tradicionais do papel da empresa.

O conceito de ESG surgiu a partir de uma publicação do Pacto Global, em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins, em 2004, em decorrência de uma apresentação que o secretário-geral da ONU realizou a 50 CEOs de notórias organizações financeiras, sobre como incorporar princípios sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.

As práticas ESG se caracterizam pela adoção de medidas internas com caráter sustentável, como iniciativas voltadas à preservação do meio ambiente, apoio da empresa em questões sociais que promovam a diversidade e inclusão dentro do ambiente corporativo e ações humanas e conscientes, alinhadas com as demandas das novas gerações. Além da preocupação somente com os interesses dos acionistas e executivos, as empresas devem expandir seu olhar aos colaboradores e demais stakeholders.

É indispensável que a alta liderança mostre seu efetivo compromisso, para que os princípios ESG se consolidem, incorporando-os na cultura corporativa. O principal erro é acreditar que as ações voltadas às práticas ESG visam puramente às ações de marketing, trata-se também de uma questão estratégica. O mercado está cada vez mais atento e ações “para inglês ver” não mais se sustentam e podem ser extremamente prejudiciais à confiabilidade das empresas.

O primeiro passo para a incorporação dos conceitos ESG na empresa é o diagnóstico. Por meio dele, será feita uma análise, onde serão reconhecidos todos os stakeholders, buscando entender quais são as questões mais críticas relacionadas aos temas ESG.

A análise da cadeia de fornecedores, por exemplo, deve ir além da superfície e deve ser vista como parte de um processo maior, levando-se em conta a totalidade do processo que permitiu a implantação de qualquer medida relacionada ao ESG. De nada adianta a empresa estar adequada a apenas alguns conceitos do ESG e ser omissa em outros. Em uma situação hipotética, não será correto que a empresa adote medidas sustentáveis para a geração de energia elétrica se, em contrapartida, o fornecedor que desenvolveu o equipamento utilizado faça uso de trabalho infantil.

O alinhamento ao ESG pode ter uma abordagem bastante ampla, sendo necessário, portanto, um bom diagnóstico, aonde todas as informações relevantes serão captadas e utilizadas para desenvolver planos de ação voltados às questões sociais, ambientais e corporativas de curto, médio e longo prazo.
Dadas as incertezas e vulnerabilidades no atual momento mundial, as organizações que optarem por adotar os padrões ESG sairão estrategicamente na frente em relação às demais no setor empresarial, solidificando sua reputação frente aos seus stakeholders.

O futuro do planeta depende de todos, por isso devemos incorporar os princípios ESG, visando possibilitar a criação de um novo amanhã.